OBRIGADO POR ME PRESTIGIAR!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Crítica. Hominus – Grupo Creche na Coxia.


A experiência de assistir o espetáculo HOMINUS, do grupo Creche na Coxia tem sabor redobrado. Primeiro pela linguagem, que envolve performance e mímica, mas não fica só nisso.  O grupo mostra um repertório vocal diferenciado, com tonalidades musicais bem afinadas além de valorizar diversas nuances de um teatro pós-dramático que vem, desde os anos 90, encontrando seu espaço no Brasil.
O trabalho de criação coletiva também teve destaque. Durante o processo o grupo se juntou para pesquisar sua própria dramaturgia, recriando corporalmente quadros que vimos desde a infância nos livros didáticos, estabelecendo um contato de humor  e visceralidade nas criações cada vez mais instigantes que deram ao trabalho um ritmo forte e manteve o público concentrados do começo ao fim. 
Bebendo na fonte da mídia televisiva, radiofônica e cinematográfica, além dos dos cadernos de escola, e a internet, Hominus soube juntar diversos padrões sociais numa linguagem cênica, sem usar de forma dependente, a palavra, o que não é pouco, já que, utilizar os conceitos da mímica sem parecer pantomima e usar o texto falado sem se ater a composições prolixas, exige um trabalho de pesquisa e o grupo, sem dúvida, acertou, no caminho que escolheu.

Apenas um pequeno tapete, 4 atores e a história do mundo flui, levando
o público a uma viagem surpreendente.
Não fica claro, entretanto, se a intenção do grupo é brincar com a história ou demonstrá-la tal como foi. Dá pra dizer que o tom as vezes parece “brincadeira” pura e simplesmente, mas não necessariamente. Há nuances do espetáculo que leva o público à reflexão e até mesmo às lágrimas. Logo, quando o ator diz que ouve “um milhão de mortos” na segunda guerra mundial pode estar fazendo uma referência aos quase 60 milhões de pessoas que pereceram naquele conflitos. Só na frente russa morreram quase 25 milhões de pessoas, a Alemanha perdeu mais de 13 milhões, os aliados 5 milhões e por aí vai. Não que os números sejam importantes. Ou será que são?
O figurino combina com o vigor físico dos artistas que aproveitam uma forma despojada para contar a história, num certo sentido, podemos dizer que são pessoas jovens, contemporâneas, que se permitem falar de um outro tempo, incluindo o tempo atual. Mas o que realmente nos importa dizer é que o teatro aconteceu, a cena se sustenta e a mímica agradece. Platéia lotada, muitos aplausos e, o que é mais bonito, o público telefonando para os amigos e recomendando o trabalho

Serviço:

Temporada: dias 17,24 e 31 de Outubro
Teatro Maria Clara Machado – Planetário da Gávea.
Endereço: Av. Padre Leonel França, 240 - GÁVEA
Espetáculo: “HOMINUS” 
Temporada: 03(três) semanas - Horário: quartas-feiras, às 21h.
Duração: 01h Classificação Etária: Livre

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Circulando pela zona oeste do Rio de Janeiro.


As oficinas de mímica vão bombar na zona oeste do Rio de Janeiro, mais uma parceria com o Centro Teatral Etc. e Tal e a Prefeitura do RJ, lá estarei com mala e cuia em encontros que prometem ser de grande proveito para os alunos e para mim, eterno aprendiz do ofício de ser mímico.
Para começar, 4 encontros em várias lonas culturais da cidade. Veja a lista.



  1. Lona cultural Municipal de Bangu Hermeto Pascoal : 09 de outubro ( Terça feira) 
    Av. Santa Cruz, s/n - Praça 1 de Maio – Bangu
    15:00 oficina de atores
  2. Lona cultural Municipal de Campo Grande Elza Osborne : 10 de outubro ( Quarta feira)
    Estrada Rio A, 220 - Campo Grande
    Oficina: 18:00 Oficina
  3. Lona cultural Municipal de Guadalupe Terra - 18 de Outubro (Quinta - Feira)
    Rua Marcos de Macedo, s/n - Praça Edson Guimarães – Guadalupe
    15:00 oficina de atores
  4. Lona cultural Municipal Anchieta Carlos Zéfiro - 24 de Outubro( Quarta-Feira)
    Estrada Marechal Alencastro, s/n – Anchieta
    15:00 oficina de atores


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Oficina de Mímíca em São Mateus - ES

Será uma grande experiência profissional conhecer e participar de um festival de altíssimo nível como este, que irá acontecer em São Mateus - ES, compartilhar a arte e mostrar para o público interessado as técnicas da arte que pratico a mais de duas décadas!
Além de dar oficina de mímica, vou participar dos debates artísticos sobre as peças teatrais que serão apresentadas. Uma bela experiência profissional. É o teatro fazendo pulsar o coração e correndo forte nas vêias!
Para obter mais informações sobre o FENATE de São Mateus - ES, clique aqui


quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Mímica que vem de Cuba.

Um grupo com desempenho de equipe e um elenco de mímicos jovens com grande futuro pela frente!


Maritza Acosta - Diretora
do grupo "Cuerpo Teatro
Fusión" - Cuba
Se pudéssemos exprimir com precisão, a sensação de conviver com os artistas cubanos, diria, “eles são aquelas pessoas que vieram de uma ilha onde a felicidade existe!”.  A sensação de vê-los era um pouco esta! Os jovens que vieram de lá para cá, na “Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília” trouxeram não apenas seu alto astral, sua energia positiva e seu profissionalismo, antes, vieram com uma técnica corporal vigorosa e um sentido de equipe que mostrava, claramente, a força de um coletivo teatral!

Eles são de uma escola de nível técnico de Cuba, e que deu origem ao grupo “Teatro del Cuerpo Fusión” coordenado por Maritza Acosta e com uma equipe completa por trás. Nesta escola o estudo da mímica é formal, uma escola feita nos moldes da que Marcel Marceau criou na França, na década de 70 e onde, o artista tem um formação completa de mímica e pantomima, passando por um processo de estudos que inclui diversas disciplinas teóricas e práticas. O resultado é uma juventude vigorosa, focada e com grande esplendor artístico. Foi essa a sensação que tivemos ao vê-los no palco.
Teatro del Cuerpo Fusión - Espetáculo que trabalha diversos arquétipos
da mímica tradicional e clássica com muito bom gosto e belo conjunto.
Com uma composição cênica, ótimas coreografias e um desempenho individual e coletivo onde, os artistas se revezavam hora em formação de 3, as vezes com cenas solo e outras vezes, cenas envolvendo todo o coletivo. Na dramaturgia, pudemos conferir um trabalho clássico de pantomima tradicional feito com extremo profissionalismo.
Durante a apresentação, Mariza Acosta, através da dramaturgia dos mimodramas apresentados, costurou um encontro fantástico entre o Pierrot, Charles Chaplin e a Figura de um personagem que representava Marcel Marceau. Como pano de fundo, os demais personagens eram figuras cotidianas universais, identificadas com o cotidiano cubano o que nos fez ver, um espetáculo com estética simples, direta e muito crítica.

Cenas que criam possibilidades múltiplas rompendo tabus e ultrapassando
clichês na arte da mímica.
Vários temas foram mostrados através do espetáculo que era subdividido em pantomimas e costurado por uma idéia base que formava um todo muito bem composto com a trilha sonora e a iluminação, tudo muito bem articulado no conjunto total da cena. E foi assim que, com uma platéia lotada pudemos contemplar, no palco, o grupo “Teatro Del Cuerpo Fusión”, de cuba. Realmente uma experiência rara por aqui e que nos deu uma sensação de que a América Latina, hoje, tem referências bem distintas na arte da mímica.

sábado, 14 de julho de 2012

Goiânia e o grupo SonhusTeatro Ritual!


Quem esteve na Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília, conferiu de perto, artistas de peso, nomes como Miqueias Paz, Luis Louis. A presença do artista colombiano Jader Guerra, o grupo Lume, a Cia Corpo Fusion, de Cuba, e o “Sonhus Teatro Ritual”. Sem dúvida, uma bela experiência para o público, ver o extremo cuidado e o brilhante desempenho dos artistas que fizeram da mímica a grande vedete de Brasília nos dias de 07 a 10 de Junho de 2012. Algo para permanecer na lembrança e no coração.

Com bela cenografia, ótimos atores, o espetáculo "Travessia III - Êxodo"
parece uma mistura de artes visuais com cinema, mímica e expansão da linguagem de ator.
Em conversas de pé de ouvido com diversas pessoas presentes no festival, havia uma grande expectativa em torno da linguagem do grupo “Sonhus Teatro Ritual”, O espetáculo trazido por eles,  “ Travessia III – Êxodo” , faz parte de uma trilogia que são elas: “Travessia I – A Partida”, “Travessia II – De Tão Longe Venho Vindo” e este que tivemos o prazer de conferir no Teatro Plínio Marcos, em Brasília, “Travessia III – Êxodo”, até hoje em cartaz e que tem como centro da linguagem e pesquisa da cena a “Mímica Butoh”.  
O espetáculo "Travessia III - Êxodo", juntou uma equipe
internacional e é ganhador de diversos prêmios.
Embora a dança japonesa de caráter revolucionário naquele país tenha o status de dança é importante frisar que, aqui no Brasil, o Butoh foi assimilado pelos grupos de teatro; em especial  o grupo Lume de campinas  -  que também nos brindou com um espetáculo com forte pesquisa de “mímica butoh”  e do qual falaremos num outro artigo em outro momento deste blog -  que troxe, inclusive, alguns artistas dessa área para o Brasil.
São muitos as pesquisas oriundas do Butoh. Por volta dos anos 90, quando estudei na escola Angel Vianna, e essa “estranha” forma de dançar ainda era novidade por aqui, exceto pelo fato de circular pelo universo Nipo-Brasileiro  de São Paulo e em alguns ambientes de dança contemporânea. O Butoh, porém, ganhou a popularidade, ainda que restrita, entre os praticantes de teatro em diversos locais do país e hoje é muito mais divulgado, oferecendo uma rica possibilidade de desenvolvimento artístico-corporal.
Grupo Sonhus Teatro Ritual de
Goiânia.
Já o grupo “Sonhus Teatro Ritual” é formado por educadores, pessoas que decidiram levar o teatro para a educação e, mais que isso,  buscaram ampliar seus horizontes artísticos pessoais desenvolvendo uma ousada busca por um fazer teatral mergulhado na pesquisa e no desenvolvimento da cena brasileira. Não há dúvida que estamos falando aqui de um grupo, que, se por um lado é novo, com seus 15 anos de existência, por outro lado vem contribuindo para a mudança de paradigma que estamos vendo acontecer, atualmente,  no teatro brasileiro.
Lemdo sobre o grupo “Sonhus Teatro Ritual”, percebi que se trata de uma equipe focada e mergulhada numa busca aprofundada do fazer teatral e foi este grupo que tivemos a oportunidade de ver e sentir no palco do teatro Plínio Marcos, na Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília.
VISITE A PÁGINA DO GRUPO - CLIQUE AQUI!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Miquéias Paz, o Mímico de Brasília.


Miqueias faz parte dos mímicos da geração 80. Os mímicos que saíram pelo Brasil divulgando essa arte logo após o término da ditadura militar. Nomes de peso como Everton Ferre, Fernando Vieira, Alberto Gaus, Cleber França, Cleber Moura Fé, Lina do Carmo, Denise Namura e Miqueias Paz, só para citar alguns, fazem parte de uma geração intermediária e responsável por contribuir para que esta arte conquistasse o espaço merecido no cenário Brasileiro.
Meu primeiro contato com Miqueias Paz aconteceu por volta de 1988,quando meu mestre,  o mímico Everton Ferre,  mostrou o genial roteiro da pantomima “O Incêndio”, e que virou um dos meus principais “Cavalo de Batalha” durante os anos 90 e atualmente. O Incêndio é uma pantomima bem divulgada no Brasil e é interpretada por váiros mímicos, principalmente os da geração 90, dentre eles, Álvaro Assad e Marcio Moura que, posteriormente, desenvolveram grande pesquisa a partir deste quadro.
O Criador dessa história (O Incêndio) no Brasil foi Miquéias Paz. Falava-se muito de seu trabalho e todos os aprendizes que tinham contato com o mímico Everton Ferre queriam conhecer o incrível mímico de Brasília, sempre muito bem falado comentado e que fora criador da pantomima que sacode o público brasileiro a quase 3 décadas.


Com casa lotada, Miqueias é aplaudido de pé pelo público brasiliense
um reconhecimento merecido.
Miqueias, surpreendeu o Brasil mais uma vez, ao idealizar a primeira grande mostra de mímica com porte internacional, marcada pela presença de estrangeiros e brasileiros. A Primeira Mostra de Mímica de Brasília, trouxe novidades inéditas por aqui: A principal delas foi o alcance da mídia que deu cobertura nacional ao evento;  o segundo marco foi a ousadia na forma como o evento foi colocado perante a comunidade brasiliense e nacional, com uma forte mídia local e uma estratégia de marketing que elevou o status da nossa arte, retirando-a de uma “pecha alternativa” e colocando-a em contato com o grande público, tanto que a Sala Plínio Marcos, da Funarte em Brasília, lotou todos os dias em duas sessões diárias de QUINTA A DOMINGO.

O espetáculo "Retratos de Meu Brasil Brasileiro" é mais um achado dentro
do estilo própiro de Miqueias Paz.
Miqueias Paz abriu a Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília o espetáculo “Retratos de meu Brasil Brasileiro” e mais uma vez surpreendeu com sua forma radical de fazer mímica e apontando, como já é sua marca, caminhos para a vanguarda dessa arte no Brasil. O espetáculo teve adesão absoluta do público que o aplaudiu de pé. Foram três pantomimas com roteiros bem amarrados e uma imensa exigência física em cena. Miqueias demonstrou o vigor de sua técnica e reinou no palco como um dos grandes mestres desta arte.
Quem viu, viu!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Luis Louis em Cena.


"Falas de um Mímico" espetáculo com força
dramatúrgica.
A Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília, reservou muitas surpresas. Além da diversidade de linguagens com total respeito à diferenças artísticas e os padrões criativos propostos a partir de escolas diferenciadas! Não há dúvida que um dos detaques desta mostra foi o mímico Luis Louis. Artista completo com grande poder dramático e criativo, luis Louis com seu espetáculo “Falas de um Mímico” deixou uma marca no coração do público brasiliense.
Palavras de um mímico tem uma dramaturgia bem resolvida e os quadros de mímica apresentados pelo artista mostram não só a maturidade como a segurança técnica em cena. Luis Louis fez o público “viajar” em suas reflexões cotidianas narrando, através da mímica e das palavras, momentos da vida que bem se ajustava a cada integrante da platéia no que diz respeito à reflexão propostas.

Luis Louis, uma voz que se faz ouvir entre os mímicos!
Além de apresentar seu trabalho em cena, o artista paulistano já era esperado pela própria classe artística, que sabia de seus estudos através da sua dissertação de mestrado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Um estudo aprofundado que aponta caminhos para uma mímica contemporânea e que desfaz diversos tabus e preconceitos sobre esta forma de arte.
Nos debates, Luis Louis foi ouvido e o público presente soube reconhecer a importância de seu trabalho. O diálogo e o trânsito do pensar gestual abriu caminho para diversas reflexões que afirmam a maturidade da prática da arte gestual no Brasil. Luis Louis foi enfático ao dizer “temos que apostar na nosa autoestima, o Brasil já vem, há muito tempo, fazendo mímica com qualidade”!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Jader, o mímico que veio da Colômbia.


Com ótima tirada musical a mímica de
Jader fez o público sonhar!

Foi uma imensa alegria ver o trabalho do mímico colombiano Jader Guerra, ele trouxe um trabalho cheio de vitalidade e novidades. Seu gestual preciso e rápido conquistou a platéia. Sua capacidade de comunicação precisa fez o público cair de joelhos a seus pés. Um dos mais belos espetáculos solos já vistos pela terra brasílis, Jader esbanjou elegância, bom gosto e precisão técnica e se destacou pela forma genial de “jogar” com a platéia.
Levou pessoas do público para o palco e elas simplesmente se tornaram artistas como ele, que, generosamente, fazia o convidado brilhar em cada gag que fazia.
Depois de nos brindar com ótimos números recheados com uma rica trilha sonora ele próprio executou um número musical em que fazia surgir sons de pequenos sinos coloridos, com uma melodia que dava um toque todo especial ao espetáculo.
Jader Guerra tinha um repertório técnico e de improviso praticamente sem fim. A cada novo segundo do espetáculo ele retirava, sempre, uma nova carta da manga até o momento em que vestiu uma máscara gigante e se transformou num boneco que fazia cenas incríveis com a “partner” que ele retirou do meio do público. Realmente um momento muito rico durante seu belo espetáculo.

Com a cabeça gigante de um boneco, Jader esbanjou técnica e improvisou
deixando a expectadora feliz e bem à vontade, diante de uma platéia lotada!
Depois do espetáculo, conversamos com ele e percebemos que estávamos diante de um artista completo, Jader confessou seu amor pela música e pelo teatro além de ser, em Medelín, sua cidade natal, um gestor cultural que organiza lá um importante festival de mímica chamado MIMAME.
Ficamos orgulhosos de ter como presente, a presença deste extraordinário artista que já esteve no Brasil algumas vezes, inclusive, participou do evento Anjos do Picadeiro, organizado pelo grupo Teatro de Anônimos, do Rio de Janeiro. Depois de vibrarmos com seu espetáculo, convivemos com ele durante 4 dias e nos tornamos aprendizes de sua sabedoria artística e seu poder pessoal.
Jader arrasou!

terça-feira, 12 de junho de 2012

ALVÍSSARAS, BRASÍLIA!


Uma mostra inesquecível.

Miqueias Paz, idealizador e curador da Mostra Internacional
de mímica de Brasília.
Durante os 4 dias que ficamos em Brasília, prestigiando e participando da “Primeira Mostra Internacional de Mímica de Brasília”, tivemos a grata surpresa não só de conviver com a diversidade criativa nesta forma de arte mas também de encontrar um fluxo muito intenso de pessoas que faziam filas gigantescas na frente da sala Plínio Marcos. No penúltimo dia de espetáculo, quando todos se reuniram para, num certo sentido, fazer uma “avaliação do encontro”, concluímos que, finalmente, depois de décadas, o público brasileiro consagrou a arte da mímica com sua presença em massa!
Com a casa lotada, todos os dias, o público de Brasília foi a grande
vedete da mostra. Impondo sua presença e consagrando a mímica!
Como disse Luis Louis em uma conversa informal e que depois foi confirmada no debate, “no final das contas o que conta mesmo é o público”. O público, com seu jeito de ser e se comportar, sempre dá a resposta que vai além de todos os nossos esforços para criar e estudar nossa arte. A aprovação do público tem diversos significados, um deles, é atestar a maturidade de um tipo de expressão, e, desta forma, podemos dizer que a Mímica vai bem, obrigado!
Casa lotada é um fator simbólico para a consagração de um tipo de arte. Mas temos que ficar atentos, os aplausos precisam ser vistos com cuidado e embora seja algo que “alivia a alma” e se articula com nosso sentido de lidar com o público, a tradicional “reverência do artista” deve ser também, um gesto para permitir que o som deste aplauso se espalhe pelo teatro, além de nós e contemple toda a cadeia produtiva que nos levou a ter contato com este público.

"Teatro del Cuerpo Fusion" de Cuba, conquistou o público os coletagas
de arte com sua presença marcante na "Primeira Mostra Internacional de
Mímica de Brasília" - 2012
Neste sentido, temos sempre de olhar, lembrar e agradecer, cada atitude de cada pessoa que trabalhou para que esta monumental mostra tenha seu real e profundo significado no coração da arte da mímica. Fica aqui, os meus sinceros agradecimentos a todos os que fizeram desta mostra talvez, o primeiro Grande Acontecimento internacional no Brasil, para a arte da mímica. Contemplando a diversidade de tendências, sem julgamento de estilo, estéticas e /ou condição social dos que lá estiveram presentes.  Todos os mímicos tiveram seu momento e todos foram respeitados dentro de suas técnicas e buscas.
ALVÍSSARAS! 
(Jiddu)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O filme "O Artista" e a Mímica no Cinema.


Estou lendo uma “Biografia Definitiva” sobre Charles Chaplin, o livro é um calhamaço de 789 páginas, o nome do autor David Robinson em cujo texto de apresentação do livro, se identifica como crítico de cinema e diretor do “Festival de Cinema Mudo de Perdenone”. Ou seja, o CINEMA MUDO NÃO MORREU. Nunca morreu, nunca vai morrer.  
Vendo o filme “O Artista” de Michel Hazanavicius, simplesmente pude constatar que não só o Cinema Mudo não morreu como é possível retratá-lo a partir de uma estética contemporânea, ainda que o filme em questão, faça uma releitura do cinema mudo que durou até meados de 1930, na verdade é um filme construído com recursos e qualidade contemporânea e o que há de mais recente no filme, comparado aos filmes da década de 20 é a movimentação dos artistas em 30 frames por segundo. Afora isso, o filme “O Artista” é um libelo, um presente para nossa época.
Até então, os filmes mudos ou com poucas palavras, a partir da década de 50, do século passado, mais ou menos, passaram a ser considerados filmes Cult. O jargão, criado pela mídia teve como principal estratégia a reserva de mercado, a tentativa de matar o passado, salvando um único “exemplar da espécie”, Charles Chaplin.
Mas o cinema mudo nunca morreu e nem vai morrer assim como o teatro mudo, o circo mudo, enfim, a opção por uma arte muda, onde o silêncio somado de elementos que podem ser sonoros, inclusive a fala, podem dar o mote para um diálogo cênico mais profundo com o expectador. Todo mundo gosta de filme mudo. E o filme mudo evoluiu.
O filme “O Artista” é um presente, como já disse, pela forma como expressa sua mímica corporal e facial e a maneira como propõe um diálogo intenso que nasce na imaginação, na sensibilidade poética do expectador. Filmes assim são importantes, necessários, ajudam a gente a perceber nuances que só podem ser pinceladas pelo silêncio, pelo discurso orgânico vindo de contrações musculares e faciais, acompanhados ou não por música.
Para que curte mímica, recomendo este filme. Ele é básico e importante para nos ajudar a construir um universo corporal cênico que inclua, também, o silêncio e o comedimento das palavras.


FICHA TÉCNICA
Diretor: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Beth Grant, Ed Lauter, Joel Murray, Bitsie Tulloch, Ken Davitian, Malcolm McDowell.
Produção: Thomas Langmann, Emmanuel Montamat
Roteiro: Michel Hazanavicius
Fotografia: Guillaume Schiffman
Trilha Sonora: Ludovic Bource
Duração: 100 min.
Ano: 2011
País: França/ Bélgica
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: La Petite Reine / uFilm / JD Productions
Classificação: 12 anos


sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Brasil olhando pela Mímica!

Clique para conhecer!
O Brasil que tem fama de ser a grande potência da América Latina sempre engatinhou no que diz respeito a festivais de mímica. Dificuldade de conseguir apoio da classe empresarial e do poder público, a palavra mímica foi "proibida" quando se tratava de enquadrar um projeto nos órgão burocráticos do país. Os melhores mímicos brasileiros, para "vender seu peixe" tiveram de camuflar seu trabalho usando o termo TEATRO e jamais usando a "famigerada" palavra PANTOMIMA, quando muito a palavra MÍMICA e TEATRO FÍSICO serviam como porta de entrada, nem que fosse pelos fundos!
Mas os ventos estão mudando. Em Brasília, surge um festival assumidamente de mímica, com característica internacional e, o que é melhor, dando provas de seu amadurecimento, incluído na lista dos convidados, a PANTOMIMA. O estilo de mímica "pantomímico" ficou marginalizado e foi ignorado pelos estudiosos, mais do que isso, em todos os "discursos" dos melhores pensadores desta arte no Brasil, a pantomima aparecia como vilã e não falta repertório para destruir o trabalho de dramaturgia gestual. Já ouvi termos como "arte menor", "imitação barata", "tradicionalismo", como se, ser tradicional fosse ruim. E por aí a fora...
Mas o Brasil, como era de se esperar, está crescendo também no universo da mímica e as pessoas estão percebendo que o importante é se expressar com diginidade, ética, amor e até humor em alguns casos! E é neste estado de felicidade que eu, Jiddu Saldanha, recebo meu primeiro convite para participar de um grande festival de mímica, a arte que pratico ha 22 anos, apesar da dor no joelho! Estou feliz, lá sei que vou encontrar meus pares, meus irmãos de luta, gente que vem pavimentando o caminho desta arte já ha muito tempo. Formando jovens e adultos que hoje fazem bonito na malha circense, teatral e televisiva do país. Talvez, um facho de esperança começa a surgir para a minha geração, muitos dos quais já nem fazem mais mímica por não terem conseguido vencer a solidão e falta de estímulo.
Meu caso foi diferente, desde que comecei a ser "demonizado" como artista de mímica, passei a me dedicar à literatura e fazer meus shows em eventos literários. Consegui inserção nos melhores teatros brasileiros mas sempre pelo viés da literatura, um paradoxo, já que o mímico, como é o meu caso, "quase não fala" no palco.
ESTOU MUITO FELIZ! Espero que o exemplo de Brasília seja seguido em todos os festivais brasileiros de mímica que surgirão daqui pra frente. Na minha opinião, um Festival de mímica deveria abarcar todas as formas de mímica. Do pantomimo ao ator de teatro gestual além da arte do ESTATUÍSMO, que é maravilhosa e popular. O Brasil, diferentemente da Europa, tem uma vocação aglutinadora e aqui, a experiência de misturar o mímico de rua e o mímico teatral pode dar muito certo, mas antes disso, precisamos fazer a lição de casa. Trabalhar por um território de expressão que nos permita respirar e conspirar juntos!



segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma experiência inesquecível na cidade de Nova Friburgo!


Roteiros impecáveis, percepções aprofundadas e humanas foi o que marcou na oficina ministrada em Friburgo, a convite da Cia. Arteira de Teatro. Realmente uma experiência que deixou a marca de momentos que vão se eternizar na memória. Além de perceber pessoas muito talentosas e capacitadas para investigar intelectual e corporalmente a arte da mímica, pude conviver com um grupo de pessoas que levam o teatro a sério.


A Presença de artista admiráveis da cidade deram à oficina um tom profissional não sem o humor característico com que costumo conduzir este tipo de trabalho em grupo. Foi bonito ver gerações diferenciadas compartilhando o mesmo espaço de criação e percepção, por isso não posso deixar de cumprimentar os adolescentes que estiveram presentes na oficina e que além de se divertirem muito, demonstraram grande capacidade de absorção da linguagem da mímica teatral.
Cumprimento de horário, entrega aos exercícios “puxados” propostos durante o processo não intimidaram o grupo, que, a cada passo foi evoluindo e descobrindo novas possibilidades do uso de sua expressão corpo-gestual. A mímica agradece e a arte se engrandece.
O ponto alto deste grupo, na minha percepção, foi a capacidade de trabalhar coletivamente na criação de roteiros complexos para executar cenas de mímica. A decupagem dos gestos para chegar ao objetivo cênico se completava com desenhos que cobriam o espaço cênico com muito vigor, tanto físico como estético e, porque não dizer, ético, afinal, o trabalho coletivo é sempre um exercício de entrega e superação do ego.
Parabéns a este memorável grupo que esteve prestigiando e participando da mais uma de minhas oficinas de mímica.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

ESLIPA: Uma experiência com a Mímica


A Mímica e a Palhaçaria.

Que os palhaços sempre gostaram de mímica é um fato, tanto que números inteiros silenciosos e executados por alguns doa mais soberbos palhaços do Brasil e do mundo, utilizam a linguagem corporal no seu sentido mais extremo: A MÍMICA.
O treinamento mímico é um tesouro para a arte do palhaço e foi isso que pude sentir na minha aula inaugural ocorrida na lona do projeto Crescer e Viver, na praça Onze, pelo projeto realizado pelo grupo OFF SINA. É a primeira vez que dou aula direcionada cem por cento a pessoas dedicadas à arte da palhaçaria.
Podemos dizer, que a ESLIPA veio pra ficar. A nobre iniciativa do grupo OFF SINA permitiu um contato importante entre artistas circenses e de rua, colocando a mímica no olho do furacão!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Dezenas de milhares de pessoas já tiveram contato com a MÍMICA!


Desde que comecei a fazer mímica, em 1989 já havia uma demanda por oficinas e a  primeira que ministrei foi na antiga galeria do Cine Groff, em Curitiba. Eu e os alunos passávamos praticamente o dia inteiro na rua XV de Novembro, também conhecida como Rua das Flores, testando as técnicas e descobrindo elementos cênicos e forma de abordagem com o público de Rua. O que estávamos fazendo ali, na verdade, não era exatamente uma oficina, mas uma vivência coordenada por mim, pois a mímica, era uma prática muito recente e eu queria dividir aquilo com jovens que me procuravam devido à precariedade de informações sobre esta forma de expressão.
A partir desta primeira oficina, produzida pelo Maurício Cidade e Clodoaldo, dois agitadores culturais de Curitiba, na época, passei a considerar a possibilidade de criar minha própria pedagogia e De 1989 a 1991 percorri diversas cidades do Interior do Paraná e Santa Catarina, fazendo performances nas praças e logradouros. Ficava uma semana em cada cidade e quando ia para outra cidade já havia um grupo de pessoas me esperando para conhecer os rudimentos da arte da pantomima.
Em meados de 1992 viajei, convidado por Evil, para Bauru, cidade do interior de São Paulo, onde ministrei uma oficina que durou três meses durante finais de semana, sexta, sábado e domingo. Foi uma experiência cansativa e que valeu a pena. Nessa oficina criei o primeiro espetáculo de mímica envolvendo um grupo grande de alunos, o espetáculo foi batizado de “Expresso para Bauru”, uma referência ao trem do pantanal, que na época, saía desta cidade em direção ao Peru e Bolívia.
Primeira Oficina de 2012 no Teatro Municipal de Cabo Frio. Alunos
antenados e interessados em fazer teatro. Novas gerações surgindo!


Ainda em 1992 fui para extremo norte do país, na cidade de Macapá e onde fiquei durante dois meses, a convite do SESC, fazendo shows, dando oficinas e dirigindo espetáculos teatrais. Foi minha primeira experiência com um teatro de 2 balcões lotados e foi também o lugar onde trabalhei intensamente com um grupo de artistas da cidade até apresentar o resultado. O trabalho em Macapá foi tão intenso que retornei à cidade diversas vezes a convite do meu, então, produtor local, o poeta Herbert Emanuel.

A mais de 20 anos busco uma pedagogia própria para 
iniciantes que queiram conhecer a Mímica!
Continuei trabalhando em São Paulo e fui algumas vezes para Porto Alegre e descia a serra da graciosa em direção ao litoral paranaense retornando a Santa Catarina em cidades como Florianópolis, Joinvile e Camboriú Depois ia para o norte e oeste do Paraná. Fui a foz do Iguaçu várias vezes e neste período, fazia performances de mímica na rua passando o chapéu e ensinando, na rua mesmo, as técnicas que aprendi com meu mestre Everton Ferre.
Em Junho de 1992 decidi me instalar definitivamente no Rio de Janeiro para trabalhar na conferência glogal do Rio, A famosa ECO 92, onde passei o chapéu no Fórum Global e de lá pra cá ministrei oficinas de mímica em escolas, até me adaptar à vida cultural da cidade. Passei então a dar oficinas em comunidades, inclusive, nesta época estive na rua, a convite da minha amiga Marjorie Botelho, ministrando uma vivência rápida para as uma vivência com as crianças da candelária, que foram chacinadas em 1993. Trabalhei também nas cidades serranas e baixada fluminense, quando me dei conta, percebi que já havia ministrado oficinas de mímica para muita gente, centenas e talvez, milhares de pessoas.

Numa oficina de INICIAÇÃO À ARTE DA MÍMICA, muitos talentos
podem ser despertados!


Em Minas Gerais trabalhei estive em mais de 40 cidades sendo que, Itabira, a cidade do poeta Drummond fiquei durante 25 dias e retornei por mais 6 vezes, inclusive, recentemente, em 2011. A alegria que tenho em meu coração é saber que hoje, pessoas se dedicam ao teatro de mímica e afirmam generosamente que tudo começou nas minhas oficinas de iniciação. Alguns artistas se destacaram na mídia, outros se tornaram professores de teatro e especialistas em mímica com técnicas bem mais modernas e até artistas de circo com destaque internacional. De minha parte, não fiz mais que a obrigação. Levei, da forma como pude, o conhecimento desta arte ao maior número de pessoas que minhas forças permitiram.
Atualmente, na cidade de Cabo Frio, saio em turnês pelo Brasil sempre ministrando oficina e fazendo shows. Aqui mesmo, na cidade onde moro, ministrei algumas oficinas rápidas de iniciação à arte da mímica. Estou contente com o rumo que as coisas estão tomando. Aqui já tive o prazer de ver alguns jovens, se dedicando a algum tipo de teatro corporal dentro de linguagens mais contemporâneas, esteticamente falando! Tenho orgulho de ministrar as oficinas de “Iniciação à Arte da Mímica” e fico muito feliz quando encontro jovens, adultos e crianças dedicadas e determinadas a conhecer a arte que pratico, o teatro gestual, teatro físico e a arte da pantomima a mais de 20 anos.

AXÉ
Jiddu Saldanha